quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Escolher a escola é um momento delicado para os pais


AVALIAÇÃO Especialistas recomendam que é fundamental pesquisar qual a linha pedagógica mais adequada

 TEXTO DE RAÍZA TOURINHO

Nesta época do ano é o momento de encarar uma importante decisão para muitos pais: a escolha da escola dos filhos. Esta deve ser realizada com muito cuidado, uma vez que a educação auxilia a formar o caráter da criança e, muitas vezes, decidir o seu destino. É o que alerta o pedagogo e especialista em educação Manoel Calazans. “É um momento muito delicado, pois os pais não estão presentes no cotidiano da escola. É como uma segunda casa”, resume.

Para ajudar a escolher o segundo lar da criança “é muito importante saber qual criança você quer formar”, complementa a pedagoga especialista em metodologia de ensino, Andreia Freitas. Ela recomenda que os pais procurem saber qual é a linha pedagógica que a escola segue, a fim de descobrir se é a ideal para seu filho.

Escolas que trabalham com correntes como o construtivismo, por exemplo, valorizam o desenvolvimento pessoal em detrimento da quantidade de conhecimento que foi acumulado, aspecto valorizado mais na corrente tradicional, segundo a pedagoga. “No construtivismo a criança aprende interagindo com o meio, descobrindo como o conhecimento acontece. Já a linha tradicional não há espaço para a subjetividade: o professor fala e o aluno tenta aprender”, afirma. Assim, se o objetivo é passar no vestibular, o ensino tradicional pode ser muito mais eficiente que o construtivista.

De acordo com a pedagoga, uma outra tendência nas escolas é a percepção de que o aluno nutre múltiplas inteligências. “Cada um tem facilidade para se desenvolver mais em uma área. Assim, se a criança tem uma grande inteligência musical isso é levado em conta no processo de aprendizagem”, explica.

As escolas baianas ainda oferecem outras correntes como alternativa de aprendizagem como a Pedagogia Waldorf, a Montessoriana e a Teoria Criativista.

Reflexão

Antes de encarar os livros, que tal uma paradinha para a reflexão? É o que acontece durante o ano letivo, entre as 8 e as 8h30, na Ananda - Escola Centro de Estudos. Professores e alunos param nesse horário para meditar. “Nós buscamos a união entre os pensamentos religioso, filosófico e científico”, explica a diretora, Carina Sales.

O centro segue a Teoria Criativista, que mescla elementos de Construtivismo, Tradicional, Progressista e Waldorf, segundo ela. “Não é uma corrente específica, a teoria tem que se adequar à necessidade da criança. Usamos as linhas pedagógicas como ferramenta, de acordo coma necessidade individual de cada um”, enfatiza.

A pequena Surya Tereza, 5, é uma das que descarregam sua energia na escola, conta sua mãe, a publicitária Osana Barreto. Quando chega da escola, às sextas, Surya traz uma encomenda especial para a mãe: o dever de casa. É a disciplina Iniciação à Consciência que leva pensamentos morais, éticos e filosóficos para serem discutidos dentro de casa.

“É interessante, pois, para poder discutir com a criança, a gente tem que se questionar”, enfatiza Osana. Após realizar a atividade com os pais, os pequenos levam o exercício para ser discutido em sala de aula, com as outras crianças e o professor.

Mas os motivos que levaram Osana a matricular a pequena Surya na escola foram outros. “É um local inclusivo, no qual estudam crianças com necessidades especiais, filhos de pescadores, filhos de diplomatas. Ela está inserida nesse contexto sem distinção”, salienta a mãe.

Recomendações

Apesar de ser parte importante do processo, a linha pedagógica não é tudo, alerta o pedagogo Manoel Calazans. “Muitas vezes na própria escola não é consensual qual é a corrente que se segue”, afirma o especialista.

Ele recomenda que o fundamental no momento de escolher uma escola para os filhos é pesquisar. “Há pais que só se interessam pela mensalidade da escola”, alfineta. Para ele os pais devem ter a atenção voltada para muito além dos boletos de fim de mês. “É fundamental que os pais visitem a escola e consultem os pais que matricularam os filhos em anos anteriores”, afirma.

Outra dica do especialista é observar se a escola tem a preocupação de desenvolver projetos para os estudantes e se articula conhecimentos ensinados em sala com a sociedade. “O ideal é buscar lugares que oferecem um leque de oportunidades para desenvolver o aluno. Os pais devem conhecer quem vai cuidar do seu filho”.

Fonte: Jornal A Tarde, Primeiro Caderno, página A7, 17 de janeiro de 2011. Salvador/BA.

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